Joãozinho é autista: e ele gosta muito de história

Andarilho Acordado
3 min readJun 11, 2021

Sendo um menino muito curioso, ele saiu da casa dos pais muito cedo. Ele queria explorar o mundo e ouvir histórias. Já crescido, agora como jovem adulto, ele foi perambular:

(1) Ele visitou uma nutricionista, e então ouviu: “Joãozinho, você tem que comer carne, e a cada 3 horas, para ter energia!”; (2) aborrecido, ele se consultou com um psiquiatra, e então ouviu: “Joãozinho, você não é autista, porque autista não consegue aprender a ler, escrever… mas não te preocupa! Autismo hoje em dia tem cura, é bem fácil de curar”; (3) decepcionado, ele começou a trabalhar, e então viu: dinâmicas de grupo coloridas e infantis, reuniões barulhentas e improdutivas, fofocas e mentiras, politicagem e abuso de poder, mentiras e desonestidade intelectual.

Em nome dos Budas, do passado e do futuro, te pedimos perdão.

Irritado, mal falado e ridicularizado, ele foi demitido. De novo. Joãozinho, coitado… você tem um nariz muito sensível… você sente muito forte o cheiro nauseante do dinheiro. Não aguenta? Joãozinho… seja homem!

“Fulaninho: o jogo é esse, ou você joga, ou não faz parte dele.”

— Fulano de tal, 2019

Asqueroso, nojento, repulsivo. Com justiça e com certeza, seu cheiro é nauseante @Jp Valery

Deprimido, Joãozinho ficou doente. Então decidiu voltar para a casa de seus pais. Para fazer o que sempre gostou de fazer: ficar sozinho. Confusos, seus pais não conseguiam entendê-lo. Começaram a discutir, brigar, gritar. E começaram a gritar muito com ele. Joãozinho começou a ficar irritado, agressivo, deprimido. Ele não parava de balançar a cabeça. Ele começou a bater a cabeça na parede, ele queria ficar sozinho, mas seus pais não deixavam.

Então ele ligou a TV e viu: mais barulho, mais confusão, mais bagunça, mais baderna, mais corrupção; bombas incendiárias caseiras indo e vindo, protestos violentos, morte, crimes violentos. No fim da noite, na televisão, apareceu um canil sendo noticiado no jornal. Quem apresentava o jornal era um homem engraçado, mas muito sério, que não tinha nenhuma expressão facial. Nesse canil, ele exibia muitos cachorros, e eles latiam muito… se degladiavam. Um mordia o rabinho do outro, era uma cena horripilante. O canil tinha nome, e se chamava Câmara dos Deputados. Não dizendo, o Joãozinho começou a chorar e desligou a TV. Seus pais, confusos e sem entender, viram ele ir para seu quarto.

Au! Au! Au! Meu cachorro é tão legal.

Joãozinho foi para seu quarto, ele queria ficar sozinho.

Joãozinho gosta muito de histórias… sozinho no quarto, ele começou a se lembrar vividamente (com sua memória fotográfica) de um livro de história que ele leu aos 2 anos de idade. Ele se lembrou do filme Gladiadores, que viu aos 5 anos de idade porque gostava muito de estudar história. E ele lembrava de todas as cenas do filme! Mas que espertinho, era esse joãozinho.

Sozinho em solitude, no quarto segurando um livro de história, ele se matou aos 19 anos. Chorando e sofrendo intensa dor.

Esta é a história de Joãozinho, um menino espertinho que gostava muito de história…

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Andarilho Acordado

O contagioso amor Brasileiro, disfarça o sofrimento de uma grandiosa nação.